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O Mito da Idade das Trevas

A Idade Média por muito tempo, e talvez ainda hoje no ensino médio escolar, foi taxada como um período de trevas ou "obscurantismo e estagnação". Entretanto, este não é um retrato fiel deste período de dez séculos que vai de 476 d.C e 1453 d.C, desmentido pelos grandes medievalistas como Régine Pernoud, Jacques Le Goff, Thomas Woods e mais outros.
O Mito da Idade Média nasceu no renascimento, quando os renascentistas passam a dar valor somente á Antiguitade Greco-romana e desprezam tudo que vai além disso, colocando o período de 10 séculos que os separa dos clássicos como um mero periodo de transição, de onde vem o nome Idade Média, ainda que eles só tenham conhecido as obras clássicas por causa de monges copistas medievais que conservaram as obras clássicas em meio ás invasões bárbaras. Os próprios iluministas chamavam seu movimento de "a luz contra o obscurantismo medieval".
Uma das mentiras é uma suposta estagnação tecnológica na Idade Média. Grandes avanços aconteceram, principalmente na agricultura, muitos deles realizados por brilhantes monges. Um conhecido e importante historiador marxista - e portanto isento de risco de parcialidade para a defesa da igreja - denominado Perry Anderson diz em sua obra que é um grande contraste a estagnação tecnológica do período que vai da ascensão de Atenas á queda de Roma com o progresso tecnológico dos sete séculos seguintes da Idade Média.
Obviamente, mais do que por motivos estritamente econômicos, a causa do contraste está na diferença de mentalidades que moveu os dois períodos. No período Clássico, apesar de ser dada uma grande importância ao intelecto, se desprezava qualquer forma de trabalho manual, que era associado á falta de liberdade, enquanto na Idade Média todo trabalho moralmente lícito era tido como uma forma de co-criação designada por Deus, o que foi essencial para o desenvolvimento da civilização Ocidental que se conhece hoje.
Na Idade Média foram construídas as grandes catedrais, das quais o historiador de arte Paul Johnson diz que "são as obras de arte mais talentosas da humanidade em todo o teatro das artes". Neste período foram criadas as universidades por Obra da Igreja, a grande intervenção do Ociente, o que até então não existia em outro lugar senão na europa cristã. A mulher obteve mais liberdade do que no período anterior, podendo abrir seu próprio negócio, e possibilitando que existissem conventos, colégios hospitais e orfanatos fora da Igreja, como dizem a historiadora Régine Pernoud e o filósofo Robert Phillips.
Contudo, tenha-se o cuidado de não acreditar em um mito contrário ao citado, um mito de uma Idade Média idealizada (superf*da), como um período de grande "luz", cavaleiros e donzelas, e de uma sociedade bela e sem problemas. A peste negra foi um acontecimento terrível, boa parte da população medieval morria por desnutrição, e a expectativa de vida era de 35 anos - ainda assim maior do que a do período anterior, que era de 25 anos -, porém julgar um período histórico com os olhos atuais leva a grandes erros de julgamento, e é difícil de julgar se é pior um período em que gente morria de fome por falta de alimento, ou o período atual em que há alimentos para todos sem ser distribuídos, ou julgar se é pior a morte de milhões de pessoas por uma peste, ou por guerras mundiais em que representantes de nações procuram obter mais poder para em suas mãos.
Com tudo isso, este artigo propõe-se a fazer com que os interessados no tema procurem saber mais sobre o assunto, estudando as obras dos grandes medievalistas, para que assim não caiam em conceitos precipitados divulgados pelo senso comum, e antes procurem entender a mentalidade da época pra que não cometam erros de julgamento.



Esse artigo foi escrito pelo aluno do santa rita Wilson - aquele baixinho de óculos - (sério, nenhum ctrl-c ctrl-v), do terceiro ano, é um ponto de vista ae pra quem gosta de história...

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